Brasil se consolida como nova fronteira para data centers e atrai investimentos bilionários

Levantamento da CBRE aponta crescimento acelerado da infraestrutura digital no país, impulsionado por energia limpa e localização estratégica

O Brasil está se posicionando como um dos principais polos de data centers na América Latina, atraindo investimentos expressivos de empresas do setor. Segundo um levantamento da CBRE, consultoria especializada em imóveis corporativos, a capacidade instalada da região deve crescer 340 megawatts (MW) em 2025, sendo que 220 MW virão do Brasil.

O país se destaca por fatores estratégicos, como a disponibilidade de energia limpa e preços competitivos, além de sua localização próxima aos Estados Unidos, onde estão os principais players do mercado. Empresas como Ascenty, Elea, Equinix e Scala têm apostado fortemente no Brasil, ampliando sua infraestrutura e projetando novos empreendimentos.

Crescimento do setor e impacto da IA

A demanda crescente por computação em nuvem e o avanço da inteligência artificial (IA) têm impulsionado a expansão dos data centers. Atualmente, o estoque total instalado na América Latina chega a 877 MW, um aumento de 7,7% em relação a 2024.

De acordo com Alison Takano, responsável pela área de data centers da CBRE na América Latina, a previsão é que a capacidade instalada na região alcance 2,6 gigawatts (GW) até 2030. O crescimento pode ser ainda mais expressivo, dependendo do cenário macroeconômico e do apetite das big techs por novos contratos na região.

Apesar de a IA estar nos estágios iniciais, o crescimento da indústria de data centers na América Latina ainda é impulsionado pelo avanço tardio da digitalização na região. As operadoras já iniciaram negociações com big techs e hyperscalers, antecipando uma demanda crescente por processamento de dados.

Empresas ampliam investimentos no Brasil

Várias empresas do setor estão investindo fortemente no Brasil para atender à crescente demanda por infraestrutura digital. Veja alguns dos principais movimentos:

  • Ascenty: Com 24 data centers na América Latina, sendo 20 no Brasil, a empresa pretende expandir sua capacidade instalada de 333 MW para 349 MW em 2025. Além disso, possui dez novos projetos em andamento na América Latina, com investimentos anuais entre R$ 1,2 bilhão e R$ 1,5 bilhão.
  • Equinix: A empresa opera três data centers no Rio de Janeiro e cinco em São Paulo, com um sexto previsto para o próximo ano. No Brasil, já investiu quase R$ 1,5 bilhão desde 2011, enquanto na América Latina os aportes somam quase US$ 3 bilhões.
  • Scala Data Centers: Com 12 unidades em operação e 11 em construção, a empresa tem R$ 27 bilhões em investimentos comprometidos no Brasil até 2026. Um dos projetos em destaque é um distrito industrial de data centers em Eldorado do Sul (RS), com investimento estimado em R$ 3 bilhões.
  • Elea Data Centers: Possui nove data centers e cerca de 30 MW operacionais disponíveis. Está finalizando um projeto de reaproveitamento de uma unidade em Alphaville (SP), além de ter adquirido dois data centers da DXC Technology em 2024. O plano da empresa é atingir 400 MW até 2030, com investimentos superiores a US$ 3 bilhões.

Brasil se destaca com vantagens competitivas

Especialistas apontam que o Brasil reúne condições favoráveis para atrair ainda mais investimentos no setor. Entre os principais fatores estão:

  • Energia renovável: Cerca de 85% da matriz energética brasileira vem de fontes limpas, o que atende às exigências de sustentabilidade das grandes empresas.
  • Custo competitivo: O preço da energia no Brasil varia entre US$ 0,05 e US$ 0,06 por kWh, comparável aos valores dos EUA e inferior aos da Europa.
  • Proximidade dos EUA: A latência entre Brasil e Estados Unidos fica entre 150 e 200 milissegundos, favorecendo a instalação de data centers para atender clientes globais.

Desafios para a expansão do setor

Apesar das vantagens, alguns entraves podem dificultar o crescimento do setor no Brasil. A carga tributária elevada, especialmente o imposto de importação de até 60%, aumenta os custos operacionais. Em comparação, o Uruguai oferece incentivos fiscais que reduziram as taxas de importação para 2% a 3%, atraindo empresas como o Google, que anunciou um investimento de US$ 850 milhões no país vizinho.

Outro desafio é a infraestrutura de transmissão de energia. Apesar da disponibilidade de fontes renováveis, a maior parte da geração está concentrada no Nordeste, enquanto os grandes data centers estão no Sudeste. Além disso, a falta de cabos de fibra óptica limita a viabilidade de instalações fora dos grandes centros urbanos.

Futuro promissor para o Brasil

Mesmo diante dos desafios, a expectativa é que o Brasil continue se consolidando como um dos principais polos de data centers na América Latina. Com a crescente demanda por computação em nuvem e inteligência artificial, o país se posiciona como um destino estratégico para empresas que buscam infraestrutura robusta, energia limpa e custos competitivos.

By King post

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