Fragmentos de máscara foram descobertos pela primeira vez no interior do estômago de uma tartaruga no estado do Espírito Santo.

Veterinários do Instituto de Pesquisa e Reabilitação de Animais Marinhos (Ipram) realizaram o registro. A tartaruga foi localizada sem vida na Orla de Camburi, em Vitória, e estava com um pedaço considerável de máscara, incluindo a parte do elástico próximo ao nariz.

Os impactos do plástico e microplástico nos oceanos, bem como sua presença nos organismos marinhos, são preocupações amplamente documentadas. Até mesmo em locais remotos, como o arquipélago mais distante da costa brasileira, foram identificadas formações de rochas compostas por fragmentos de plástico. Entre os muitos detritos incomuns que já foram encontrados dentro de animais marinhos, agora, pela primeira vez, veterinários encontraram resíduos de máscara no estômago de uma tartaruga no Espírito Santo.

O veterinário Leandro Egert, coordenador de veterinária do Instituto de Pesquisa e Reabilitação de Animais Marinhos (Ipram), participou da necropsia do animal, uma jovem tartaruga-verde que foi descoberta sem vida na orla de Camburi, em Vitória, no final de agosto.

Conforme explicado pelo veterinário, este foi o primeiro registro desse tipo de material no estado, que era amplamente utilizado durante os anos em que o uso de máscara era obrigatório devido à pandemia de Covid-19.

“Desde que começou a história sobre descarte, às vezes algum fragmento menor pode ter aparecido, mas foi o primeiro registro nosso do Ipram. Nesse registro você consegue diferenciar bem, ver direitinho a parte da máscara que fica no nariz”, comentou Leandro.

Em março, o Ipram fez uma descoberta semelhante ao encontrar fragmentos de balão de aniversário no interior de uma tartaruga que foi encontrada sem vida dentro de uma mochila na Baía das Tartarugas, em Vitória.

Além disso, o veterinário observa que a porcentagem de resíduos encontrados dentro de animais marinhos que são encaminhados ao Ipram pode chegar a até 30%.

“A porcentagem de lixo fica variando entre 25 e 30% dos animais mortos que a gente avalia. Nem sempre a presença do lixo é a causa da morte dos animais , mas eles causam muitas lesões que depois podem ocasionar na morte do animal”, disse Leandro.

De acordo com o veterinário, esses incidentes são um alerta para a presença de resíduos que podem estar flutuando nos oceanos.

“Esses animais são sentinelas do meio ambiente, são sondas vivas e trazem o que está acontecendo no mar. A gente vê isso, muito lixo mesmo, e só chega uma parte de animais mortos na praia. Vira um ciclo de morte, porque vários outros animais também ingerem esse plástico, e eles são comida para outros animais. Então, isso vira um ciclo, principalmente porque esse esse plástico vai demorar anos para se degradar”, informou o veterinário.

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